Nesse post vou comentar sobre as
diferenças entre IPCA e IGPM. Meu objetivo é mostrar qual dos 2 é melhor para
você atrelar sua aplicação.
Primeiramente, já existe um certo preconceito e uma máxima muito falada de que o IPCA, por ser um índice calculado pelo IBGE e o número oficial da inflação no Brasil, é objeto de maquiagem e alteração, visando esconder a inflação real, especialmente em momentos em que ela sobe bastante. Já o IGPM na prática deveria ser mais confiável e isento, já que é calculado por uma universidade conceituada, que é a FGV, e possui um longo histórico (é calculado desde 1989). Por essa confiança do mercado o IGPM é popularmente conhecido como a “inflação do aluguel”. Vamos ver se isso pode ser verdade.
IPCA
significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e é calculado pelo IBGE
desde 1979. Busca medir a inflação das pessoas com renda entre 1 e 40 salários
mínimos e é calculado apenas em algumas regiões metropolitanas. É composto da
seguinte forma:
Item
|
Peso
|
Alimentação
|
25,21%
|
Transportes e Comunicação
|
18,77%
|
Despesas Pessoais
|
15,68%
|
Vestuário
|
12,49%
|
Habitação
|
10,91%
|
Saúde e Cuidados Pessoais
|
8,85%
|
Artigos de Residência
|
8,09%
|
Já o
IGPM significa Índice Geral de Preços do Mercado e busca replicar a inflação
para toda a população, sem níveis de renda. É composto por 3 índices, sendo
essa a divisão:
Item
|
Peso
|
IPA
|
60%
|
IPC
|
30%
|
INCC
|
10%
|
Apenas
para conhecimento, segundo a FGV, o IPA, que possui o maior peso, “registra
variações de preços de produtos agropecuários e industriais nas transações
interempresariais, isto é, nos estágios de comercialização anteriores ao
consumo final.”
O que
eu fiz foi compilar todos os dados de ambos os índices desde 1995 (a partir
desse ano pois inflações de 10.000% não iriam ajudar essa análise em nada) para
analisar e tirarmos algumas conclusões. Primeiramente o gráfico:
Olhando
o gráfico já podemos tirar 2 conclusões, 1) o IGPM sofre muito mais
volatilidade, enquanto o IPCA é mais constante; e 2) ambos sempre seguem a
mesma tendência.
Dado
isso, vou expor mais alguns dados obtidos com essa série histórica:
- Dos 23 anos que estamos analisando, o IPCA foi maior em 10 anos, enquanto o IGPM “ganhou” em 13 anos;
- A maior variação do IGPM foi de 25,3%, em 2002, e a menor
-1,71%, em 2009;
- A maior variação do IPCA foi de 22,41%, em 1995, e a menor
1,65%, em 1998;
- O IGPM acumulado de 1995 até 2017 é de 511%;
- O IPCA acumulado entre os mesmos anos é de 383%.
Conclusão
Essa
dúvida me surgiu quando vi o mesmo banco oferecendo LCI a IGPM+6% e IPCA+5,9%, não entendi por que o título atrelado ao IPCA estava pagando um prêmio a menos, então decidi investigar se ele tende a render mais que o IGPM, mas a resposta é não: um título atrelado ao IGPM tende a render mais ao
longo do tempo, pois, apesar de sofrer uma volatilidade bem maior, numa amostra
de 23 anos rendeu 33% mais que algo atrelado ao IPCA.
Importante
observar também que se há alguma maquiagem no cálculo do IPCA, ela é bem sutil,
pois ao longo dos anos ambos os índices se movem de forma semelhante, apesar da
maior intensidade do IGPM. Por mais incrível que possa parecer, os números que mais se descolam não são durante o governo do PT.
Ou seja, apenas aceite um título atrelado ao IPCA se este oferecer um prêmio de 1,5% ao ano a mais que o mesmo título atrelado ao IGPM, pois esta é a diferença entre as suas médias históricas.